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Maria Cileude Damasceno Oliveira     

Sou Maria Cileude Damasceno Oliveira e, aos 60 anos, moro no Mondubim há 53. Cheguei aqui ainda criança e vi este bairro, que é quase meu berço, transformar-se profundamente. Antigamente, o Mondubim era um lugar vasto, dividido como um grande bolo ao longo do tempo. Naquela época, era mais como um interior, repleto de sítios, muita área verde e poucas casas, habitadas por famílias mais abastadas e reservadas.

Uma das minhas memórias mais queridas é a do trem antigo, não o metrô sofisticado de hoje. Aquele trem, com suas portas abertas, ligava o Mondubim à Estação João Felipe, no centro de Fortaleza, e a cidades do interior, como Capistrano e Baturité. Era por ele que eu ia para a escola, uma aventura que nos fazia sentir livres, mesmo com o risco de uma pedrada. Ele transportava pessoas e mercadorias, unindo o bairro ao restante do Ceará. Tínhamos também um chafariz e uma pracinha perto da igreja, pontos de encontro e convivência.

Com o passar dos anos, os sítios foram vendidos, dando lugar a loteamentos, condomínios de casas e apartamentos. A população cresceu exponencialmente com a chegada de pessoas de outros bairros de Fortaleza e de diversos interiores, como Quixadá, Quixeramobim e Pacatuba. Eles trouxeram mais comércio e, creio eu, os costumes de viver em comunidade, de serem mais solidários — tradições que, no meu entender, são características fortes do povo do interior.

Hoje, o Mondubim tem mais acesso, trânsito e supermercados, mas sinto uma melancolia. O chafariz não funciona mais, a pracinha da igreja está esquecida, e até o cartório se foi, tudo isso muito por conta da construção de um túnel que mudou o fluxo de pessoas. Às vezes, sinto que o nosso Mondubim mesmo, aquele de antigamente, “morreu”, e partes dele viraram quase uma “cidade fantasma”.

Minha maior preocupação é o futuro. Vejo a população aumentando demais, a aglomeração crescente e a natureza desaparecendo. Nossas lagoas estão sendo invadidas e poluídas, e o verde que tanto caracterizava o bairro está se perdendo. O Mondubim está deixando de ter aquele “clima de interior” e se tornando cada vez mais uma parte densa da capital. Minha mensagem para as futuras gerações é um apelo: cuidem mais da terra, das plantas, plantem mais. É essencial preservar a natureza para que tenhamos um futuro, pois somos colaboradores de Deus nesta tarefa.

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