


Raimunda Gomes de Almeida Queiroz
( Regina )
Meu nome é Regina Gomes, e minha história em Santana começou em 1995. Ao chegar, deparei-me com um cenário de muitas dificuldades: as ruas não eram asfaltadas, era “só lama” em muitos pontos, e a única entrada era considerada “muito perigosa”. Não tínhamos água encanada nem energia elétrica regular; as ligações eram “clandestinas”, e a água era constantemente cortada, obrigando-nos a religar. Foi um sofrimento que durou cerca de dois anos. A comunidade estava em formação, a maioria das casas ainda em construção, e, para ir à missa, tínhamos que caminhar até a matriz, pois não havia igreja na vizinhança. O transporte público era inexistente; as pessoas precisavam ir a pé até a Perimetral, enfrentando perigos e assaltos.
A evolução da infraestrutura veio com a união da comunidade. A primeira melhoria significativa foi a normalização da energia elétrica, que deixou de ser clandestina. Depois, a água também foi ligada oficialmente, por meio de um “mutirão” que envolveu diversos grupos. Ruas novas foram abertas, como a que dava acesso à Perimetral e, mais tarde, à Rua Godofredo Maciel, além da Rua 12 (Carlos Magno), que se tornou um acesso importante. Em relação ao transporte, passei pela época do trem, que proporcionava uma vivência coletiva e alegre, principalmente em festas. Embora o metrô tenha expandido as conexões, sinto falta daquele espírito do trem. Hoje, embora muitos reclamem, o bairro ter pelo menos uma linha de ônibus é uma grande conquista em comparação com a ausência total de outrora. Apesar de todas as dificuldades, sempre houve espaço para os festejos da igreja e as quadrilhas de São João na rua, o que unia as pessoas.
Para as futuras gerações, a mensagem que quero deixar é esta: as coisas só melhoram se a gente for atrás. As melhorias não acontecem sozinhas; é preciso “batalhar para poder conseguir”. É fundamental ir em busca dos objetivos e não “ficar esperando cair do céu”, como nós fizemos para transformar este bairro. Espero que Santana continue a evoluir e que projetos como a transformação da Lagoa da Libânia em um polo de lazer se concretizem, pois o bairro ainda precisa de mais espaços de entretenimento.
